Uma visão de futuro a partir dos idiomas mais falados do mundo

Recentemente, o jornalista Alberto Lucas Lopez montou um “mapa-mundi” baseado não em fronteiras geográficas, mas sim no alcance das línguas nativas. Não dá para dizer que foi tarefa fácil: há, afinal, 7.102 línguas diferentes faladas por uma população de 7,2 bilhões.

Os dados abaixo referem-se a uma parcela de 6,3 bilhões, sendo que 4,1 bilhões falam um dos 23 idiomas mais comuns (60% deles orientais).

Três dados curiosos saem dessa análise:

1) O mundo é muito mais oriental que ocidental, principalmente se colocarmos na balança os outros idiomas fora da lista dos “top 23”. Em uma estimativa simples, dá para considerar que algo entre 70% e 75% são “do lado de lá do mundo”.

2) Idioma oficial reflete mais o passado que o futuro: afinal, ele é resultado de uma soma de séculos de hábitos, conquistas, imposições e embasamentos culturais. O gráfico traz, em menos destaque, os idiomas mais aprendidos mundo afora. Dos 7 principais, apenas 2 são orientais: o chinês e o japonês, ocupando, respectivamente, terceiro e sétimo lugares. O inglês é indiscutivelmente dominante, com 1,5 bilhão de estudantes. Mas mesmo traçando um outro comparativo, há mais de 2 vezes mais pessoas aprendendo francês (82 milhões) do que a soma dos diferentes dialetos que podemos considerar como chinês (30 milhões).

3) O português tem uma relevância grande no cenário mundial – mas em grande parte por conta do tamanho da nossa população. Do ponto de vista de volume de estrangeiros interessados em aprender nosso idioma (e, por consequência, nossa cultura), estamos quase no ostracismo.

O que isso nos diz?

Que a crença quase cega que temos de que o futuro pertence à China e que o ocidente está em uma espécie de processo de neo-colonização por eles não encontra respaldo cultural prático nas estatísticas. O chinês é um idioma importantíssimo? Óbvio que sim – mas em muito por conta da globalização que, subitamente, colocou um mercado de mais de um bilhão de pessoas no horizonte do Ocidente.

Mas, se um idioma é a principal arma de dominação cultural, então esse infográfico deixa claro que o futuro pertence muito mais a países de língua inglesa – principalmente os Estados Unidos – do que qualquer outro.

E que nós, aos poucos, estamos sendo deixados de lado. Que triste.

Ricardo Almeida

Sou fundador e CEO do Clube de Autores, maior plataforma de autopublicação do Brasil e que hoje responde por 27% de todos os livros anualmente publicados no país. Premiado como empreendedor mais inovador do mundo no segmento de publishing pela London Book Fair de 2014, sou também escritor, triatleta e, acima de tudo, pai de família :)

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