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O conhecimento coletivo: até que ponto funciona?

É possível gerar um livro bom escrito a n mãos?

Há anos que o conhecimento coletivo tem sido explorado – principalmente na literatura. Tanto no Brasil quanto fora, uma série de sites focando a co-criação de textos foi lançado, mas nenhum teve, exatamente, um sucesso estrondoso.

Uma das teorias sobre isso, discutida em feiras literárias por todo o mundo, inclui o egoísmo natural de escritores. E isso não é necessariamente algo ruim: afinal, um livro é uma extensão da própria definição do escritor, de sua alma. E, isto posto, como considerar uma obra criada em conjunto por uma comunidade maior, incluindo críticas sobre obras que ainda sequer “terminaram”? Indo a um exemplo prático: será que teríamos Kafkas, Saramagos e Garcia-Marquez se eles sujeitassem seus textos a críticas e co-criações para um mar de anônimos via Internet antes delas estarem finalizadas? Ou será que teríamos gênios ainda maiores?

Não incluímos nessa análise livros de contos, por exemplo – que, por definição, reúnem um conjunto de histórias completas, cada qual com início, meio e fim; consideramos aqui uma única história escrita a 4, 6, 8, 100 mãos. Simultaneamente.

Também não estamos falando que se deve publicar um livro sem sequer se prestar atenção a ninguém. Ao contrário: já deixamos claro que a leitura crítica é fundamental para que qualquer livro seja bem acabado, refinado, melhor preparado para seus leitores. Isso está inclusive no guia que montamos com dicas e melhores práticas sobre escrever um livro.

A questão aqui é outra. Não estamos falando de entregar a primeira versão pronta do seu livro para que alguém critique e te devolva para que você faça os devidos ajustes. Estamos falando de se abrir o livro quase que capítulo a capítulo, usando as críticas que chegam via Internet como base para se reestruturar a história ou até mesmo definir todo o seu enredo.

O quão funcional, de fato, você acha que esse conceito é?

É realmente possível ter uma única história de qualidade escrita por um coletivo de escritores (e, portanto, de mentes e corações)?

Se você souber a resposta, coloque nos comentários. Nós não sabemos.

Não sabemos, mas arriscamos um palpite: escrever é um ato tão egoísta que dificilmente a coletividade criativa, aqui, funcione. Talvez por isso os tantos aplicativos que surgiram com esse propósito não tenham funcionado tanto…

Ricardo Almeida

Sou fundador e CEO do Clube de Autores, maior plataforma de autopublicação do Brasil e que hoje responde por 27% de todos os livros anualmente publicados no país. Premiado como empreendedor mais inovador do mundo no segmento de publishing pela London Book Fair de 2014, sou também escritor, triatleta e, acima de tudo, pai de família :)

2 comentários em “O conhecimento coletivo: até que ponto funciona?

  1. Concluo que o leitor da Web, tem sim, o direito a saber o que há de novo ou antigo na literatura nacional ou internacional, Quando a literatura atinge um público maior de leitores, está democratizando o direito à leitura. O que é perfeitamente válido e muito comovente.

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