Por que o mercado editorial será dos autores independentes?

O que autores independentes devem esperar do futuro?

Há algumas décadas, o espaço para autores independentes no Brasil era essencialmente nulo, inexistente. Pior: ter um livro sem a chancela de alguma editora grande era quase garantia de recebimento de olhares tortos e críticas veladas.

Aí o tempo passou.

E as demandas de leitores cresceram em uma velocidade muito, mas muito maior do que o próprio mercado editorial conseguisse dar conta.

E esse mesmo mercado editorial, sem saber lidar com um leitor mais exigente por livros ultra-específicos e diferentes dos grandes best-sellers globais, entrou em colapso.

E, em colapso, começou e gritar para os quatro cantos do país que a literatura estava quase no seu fim, que era necessário encampar verdadeiras campanhas implorando, por exemplo, para que pessoas dessem livros de Natal como maneira de salvar a cultura.

E, cego de pânico e medo, esse tal Sr. Mercado Editorial Tradicional acabou ignorando pequenos fatos de extrema relevância que sempre estiveram ali, à sua frente, praticamente se esfregando nas lentes de seus óculos.

Os números que nos mostram o futuro

  • Entre 2001 e 2016, o número de livros lidos por brasileiro aumentou de 2,01 para 2,43. O próximo levantamento dessa pesquisa, do Instituto Pro-Livro, será feita em 2020 – e pode ter absoluta certeza de que ele será ainda maior.
  • O SNEL (Sindicato Nacional dos Editores de Livros) lançou, no começo de 2019, um estudo sobre a venda de livros em todo o ano de 2018. Cabe aqui uma observação extremamente importante: este estudo se baseia em pesquisas feitas justamente com o mercado tradicional e, portanto, ignora grande parte de tudo o que está acontecendo no mercado independente. Pois bem: segundo ele (que você pode ver na íntegra aqui), o mercado teve uma queda de 10,1% em relação ao ano anterior, de 2017. Aliás, entre 2014 e 2018, a queda real acumulada do setor chega a assombrosos 44,9%.
  • Este mesmo estudo aponta que, em 2018, 46.828 foram publicados no Brasil (contra 48.879 ao longo de todo o ano de 2017). Uma queda grande, certo? Quer uma informação importantíssima para entender esse número? No mesmo período de 2018, um total de 10.696 livros foram publicados aqui no Clube de Autores. Ou seja: o Clube de Autores (e, portanto, os livros independentes) registraram um total de 22,84% de todos os livros publicados no Brasil ao longo de 2018.

A primeira conclusão que se chega é óbvia: se o leitor brasileiro está lendo mais hoje do que no passado e se o mercado tradicional está acumulando prejuízos embasbacantes, então a única conclusão possível é que o consumidor está buscando seus livros fora do mercado tradicional.

Por que? Se o Clube registra mais de 20% de todos os livros publicados no país, então é também óbvio supor que um dos motivos dessa busca de conteúdo por parte de leitores fora do tradicional está justamente na quantidade de nichos e segmentos peculiares que costumam aparecer na literatura independente.

Mais números

Quer mais alguns números para consolidar essa opinião? Vamos então ao mercado externo.

  • De acordo com a Bowkers, 1.009.188 livros independentes foram publicados nos Estados Unidos em 2017 – um crescimento de 256% em 5 anos. Veja: o volume de livros do Clube de Autores, que tem 85% desse mercado aqui no Brasil, fica na casa do 1% – um porcento – do que se registra lá nos EUA. Em outras palavras: há ainda MUITO espaço para autores independentes aqui.
  • Nesse mesmo ano de 2017, o faturamento de livros tradicionais nos EUA cresceu 1,1%. O de livros independentes cresceu quase o dobro: 2,1%.
  • 29% de todos os best-sellers nos EUA em 2017 foram publicados como livros independentes.
  • Finalmente, para os pessimistas que acham que esses números lá são tão diferentes apenas porque americanos são mais digitalizados e consomem mais ebooks, vai um outro dado: 87% de todas as vendas de livros independentes são em formato impresso, e não eletrônico.

Se lá fora, portanto, autores independentes já representam 30% dos best-sellers, é uma questão de tempo para que essa realidade se repita também aqui no Brasil. De tempo curto, devo acrescentar, uma vez que o mercado tradicional está se afastando cada vez mais das demandas reais do leitor atual.

Que entraves tínhamos até então?

Há, normalmente, dois entraves para autores independentes: a viabilidades da publicação em formato impresso (uma vez que é o formato dominante na preferência do leitor) e a capacidade de montar uma rede de distribuição eficiente.

Nós, aqui no Clube de Autores, atacamos o primeiro entrave com a nossa própria fundação: desde 2009 já se consegue publicar gratuitamente, em formato impresso, aqui conosco. (Aliás, vale a pena conferir esse post aqui com 5 motivos para se publicar conosco.)

A segunda barreira foi resolvida de fato apenas no começo de 2018, quando efetivamente começamos a distribuir os nossos livros nas principais livrarias do país (também sem custo algum para o autor).

Havia ainda uma terceira barreira – a da credibilidade e do preconceito de leitores quanto a livros independentes. Podemos até afirmar categoricamente que esse preconceito desapareceu por completo com base na opinião de quem trabalha com isso desde 2009, mas… talvez seja mais eficiente provar isso com um dado concreto: foi justamente um livro independente que venceu o Prêmio Jabuti – o mais conceituado do país – em 2018.

Como prever o futuro?

Dizem que prever o futuro é uma tarefa impossível, inviável, impensável. Discordo.

Uma amigo uma vez me disse que pode-se facilmente prever o futuro: basta olhar o presente e tirar dele tudo que não fizer sentido.

Essa dominação de editoras tradicionais não faz mais sentido. O mercado tradicional inteiro, aliás, não faz sentido algum. É carta fora do baralho, como os dados das próprias pesquisas encomendadas por eles apontam.

O que faz sentido? O seu livro.

Que você pode publicar gratuitamente e vender nas maiores livrarias do país. Que você pode, aliás, vender no mundo inteiro, tanto no formato digital quanto impresso.

E que, se você souber divulgar e se conseguir fazer com que ele caia no gosto do leitor, certamente fará toda a diferença do mundo na própria história da literatura.

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Ricardo Almeida

Sou fundador e CEO do Clube de Autores, maior plataforma de autopublicação do Brasil e que hoje responde por 27% de todos os livros anualmente publicados no país. Premiado como empreendedor mais inovador do mundo no segmento de publishing pela London Book Fair de 2014, sou também escritor, triatleta e, acima de tudo, pai de família :)

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