Por que o Youtube abriu primeira conferência da Feira do Livro de Londres?

A primeira palestra do dia no Digital Minds Conference – evento que abre a Feira do Livro de Londres – foi do Google. O assunto não foi Android, Google Play ou nenhuma plataforma de leitura: foi o Youtube.

Nesse ponto veio uma pergunta natural: se quem está abrindo uma das maiores feiras de literatura do planeta é uma empresa de vídeo, para onde o mercado está caminhando?

A resposta veio de maneira tão natural quanto a dúvida – provavelmente por, coincidência ou não, já estarmos trabalhando nela há alguns dias.

Discutir livros já não é mais apenas discutir formatos de leitura, mas sim hábitos de leitores e autores. Ou, indo além, na tênue linha que, hoje, divide autores de leitores.

Veja: autores, claro, geram o material primário de discussão – o livro. Mas todos os leitores participam de maneira ativa do próprio conteúdo ao postar recomendações, posts em blogs, tweets, indicações de materiais complementares etc. Ou seja: hoje, leitores complementam de maneira determinante a experiência de leitura.

Hoje, o leitor escolhe uma obra já conhecendo opiniões, visões, resenhas e mesmo o autor responsável por ela. De certa forma, é como se ele abrisse a primeira página já com una opinião pre-formada a partir de zilhões de conteúdos relacionados aos quais ele já teve e continua tendo acesso. Acesso, diga-se de passagem, que inclui a sua própria participação.

O Youtube não é apenas um canal de postagem de vídeo: é um canal de co-curadoria em que autores e usuários participam de maneira absolutamente entrelaçada, colaborativa, conjunta.

Acompanhar o percurso dessa rede é o mesmo que dar uma olhada sutil no que deve ser o futuro do livro como um todo.

A questão não é mais para onde o mercado editorial está caminhando: isso tem ficado cada vez mais claro. A questão é até que ponto os autores de hoje estão preparados para esse novo perfil de leitor.

20140407-061703.jpg

Ricardo Almeida

Sou fundador e CEO do Clube de Autores, maior plataforma de autopublicação do Brasil e que hoje responde por 27% de todos os livros anualmente publicados no país. Premiado como empreendedor mais inovador do mundo no segmento de publishing pela London Book Fair de 2014, sou também escritor, triatleta e, acima de tudo, pai de família :)

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *